"Sei que escrevi cartas para pessoas sem endereço neste mundo. Sei que vocês estão mortos. Mas posso ouvir vocês. Ouço todos vocês. Nós estivemos aqui. Nossa vida teve valor".
Hoje, eu trago para vocês a resenha de um livro que é queridinho de muita gente. Encontrei na parte juvenil da livraria, mas quis muito comprar porque estava sendo muito comentado. Tinha visto muita gente falar muito bem do livro, então, eis minha opinião sobre o mesmo...
Laurel perdeu a irmã, May, em circunstâncias que só ela tem conhecimento. O que aconteceu, no momento da tragédia, só Laurel pode contar. .
Por ser uma pessoa muito tímida e devido o trauma que a atingiu com a tragédia, conversas que Laurel não tem coragem de ter com os vivos, ela tem com os mortos, através de cartas, que são sempre para pessoas famosas (Amy Winehouse, Kurt Cobain, Judy Garland, dentre outros). Laurel gosta muito de música e, nos trechos das cartas que escreve aos mortos, ela sempre faz referência à música de alguma forma.
"Judy, eu li que sua primeira lembrança era da música. Da música que tomava conta de uma casa. E, um dia, de repente, a música começou a sair pela janela. Pelo resto da vida, você teve de correr atrás dela".
Laurel sentia muita saudade da irmã e como era muito apegada a ela e por se sentir, de certa forma, culpada pela morte da mesma, suas cartas expressam, sempre, todo o sofrimento e tormento que Laurel passa, apesar de ter bons amigos ao seu redor.
"Tenho pensado nisso. No que significa ver a infinidade de cada momento, de cada parte. Quero ser purificada, quero queimar todas as lembranças ruins. E talvez a paixão faça isso. Que uma vida, uma pessoa, um momento que você precisa manter, fique com você até a eternidade. May sorrindo para mim. Nós duas, pequenas, no festival de outono, enquanto nossos pais dançavam. Sua música tocando. As folhas à noite, refletindo as luzes brancas. E cada pequena estrela que brilha mais quente do que imaginamos".
Achei a história muito triste, cansativa e arrastada e que Laurel viveu muito a vida da irmã durante toda a história, mas, ao final do livro, percebemos que todo o processo foi necessário para que Laurel obtivesse as respostas de que precisava e, finalmente, tentasse ser feliz, livre de traumas.
"A verdade é bela, não importa qual seja. Mesmo que seja assustadora ou má. É a beleza simplesmente porque é verdade. E a verdade é radiante. A verdade nos faz ser nós mesmos. E eu quero ser eu".
Li o livro com o Google do lado, pois alguns mortos, para quem Laurel escrevia as cartas, eu nunca tinha ouvido falar e a autora sempre faz uma associação aos fatos que narra na carta com a pessoa a quem a mesma é dirigida. Bem interessante!
Apesar da história não ter prendido-me o bastante, recomendo a leitura, por nos mostrar que, muitas vezes, precisamos passar por certas situações para que possamos enxergar a vida e todos que nos cercam de uma maneira melhor e que a saudade de uma pessoa muito próxima a nós, que partiu, nunca vai passar, independente do que façamos das nossas vidas. Com o tempo pode amenizar, mas passar totalmente, nunca! 💕
"Não posso trazer você de volta. Mas eu me perdoei. E perdoei você. May, eu amo você com tudo o que sou. Por muito tempo, eu só queria ser como você. Mas precisava descobrir que também sou alguém, e agora posso levar você, seu coração com o meu, aonde quer que eu vá".
Título: Carta de amor aos mortos
Autora: Ada Dellaira
Editora: Seguinte
Págs.337
Ano: 2014
Minha avaliação: 🌟🌟🌟🌟